À frente da área de Cardiologia da Clínica Endocardio, Dr. Antonio Vitor Moraes Junior (CRM 54451) é especialista em Cardiologia, Arritmia e Marcapasso pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, mestre e doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e diretor do Centro de Marcapasso e Eletrofisiologia da Santa Casa de Ribeirão Preto. Também é diretor científico do Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial (DECA), exercendo a função há dez anos.
A Clínica Endocardio dispõe de todos os métodos habituais de avaliação não invasiva em Cardiologia, como teste ergométrico, eletrocardiograma, monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA), além de métodos destinados a pacientes com arritmias, marcapassos e cardiodesfibriladores, como Holter de 12 canais, ECGAR, Tilt Teste, estudo eletrofisiológico (CETE) e reprogramadores para todos os tipos de marcapassos e cardiodesfibriladores. A seguir, o especialista esclarece as dúvidas mais frequentes relacionadas ao assunto.
O que são dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis?
Uma das áreas da Medicina que mais evoluiu e foi responsável por salvar várias vidas refere-se aos assim chamados dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis (DCEI), representados pelos marcapassos, cardiodesfibriladores (CDI) e ressincronizadores, também denominados marcapassos multissítios.
Há quase sete décadas, exatamente em 1958, foi realizado o primeiro implante de marcapasso definitivo, em um paciente com bradicardia (“coração lento”), decorrente de bloqueio atrioventricular.
Atualmente, os DCEIs são próteses que corrigem a bradicardia, promovem a resposta de frequência ao esforço, normalizam o sincronismo atrioventricular (relação temporal de funcionamento entre átrios e ventrículos), ressincronizam as paredes ventriculares, revertem taquicardias ventriculares (“coração acelerado”) e desfibrilam os ventrículos.
De que são constituídos e como são implantados os DCEIs?
Os DCEIs compreendem geradores de pulso que englobam um sofisticado circuito eletrônico microprocessado e uma bateria. Eletrodos conduzem o estímulo elétrico do gerador ao coração. O gerador é implantado habitualmente na região subclavicular, através de uma pequena incisão na pele, e posicionado no subcutâneo.
Através de fluoroscopia, os eletrodos são guiados e implantados nos átrios e nos ventrículos, e conectados ao gerador. Os procedimentos podem ser realizados com mínima sedação ou até sob anestesia local, como no caso de implantes de marcapassos convencionais.
Qual a diferença entre os marcapassos convencionais e os ressincronizadores?
Os marcapassos convencionais são indicados para pacientes com bradicardia, que podem se apresentar com sintomas como cansaço, adinamia, tonturas e desmaios, sendo decorrentes de várias patologias cardíacas. Nessas situações, o marcapasso substitui o sistema elétrico cardíaco comprometido e restabelece a frequência cardíaca adequada.
Porém, em pacientes com insuficiência cardíaca avançada, são também comuns bloqueios nos ventrículos que comprometem adicionalmente o bombeamento cardíaco, determinando progressão da doença, refratariedade ao tratamento medicamentoso e aumento da mortalidade.
Nesses casos, os ressincronizadores permitem corrigir as falhas de sincronia de contração entre as câmaras cardíacas decorrentes desses bloqueios, determinando melhora clínica e redução do tamanho do coração, das hospitalizações e da mortalidade.
Isso é possível através de um eletrodo adicional, implantado para estimular o ventrículo esquerdo dilatado e com insuficiência, procedimento que tem obtido alta taxa de sucesso por profissionais experientes.
Quando devem ser indicados os cardiodesfibriladores (CDIs)?
Os CDIs são dispositivos idealizados para corrigir determinadas arritmias causadas por doenças no coração que levam ao aparecimento de taquicardias de risco potencial (como taquicardias ventriculares) ou parada cardíaca.
Em geral, isso ocorre em pacientes com infartos prévios e/ou insuficiência cardíaca, embora, mais raramente, possa ocorrer em jovens com coração estruturalmente normal, com doenças primárias do sistema elétrico cardíaco.
Ocorrendo a taquicardia, o CDI é capaz de reconhecê-la e promover a reversão através de estimulação rápida ou choque, com retorno ao ritmo normal e alta taxa de sucesso. Além disso, para as situações de insuficiência cardíaca com taquicardias ventriculares podem ser utilizados os cardiodesfibriladores multissítios, associando as funções de CDI e ressincronizador.
Quais as limitações na vida cotidiana de um portador de DCEI?
Com os modernos DCEIs, o paciente pode levar uma vida praticamente normal. As atividades laborativas e esportivas são quase sempre permitidas, com exceção àquelas que possam determinar trauma local ou interferência no dispositivo.
Em relação a esse tópico, são cada vez mais raras as situações de interferências com os novos DCEIs, que, além de não apresentarem limitações no ambiente domiciliar, permitem, inclusive, a realização de todos os exames de imagem, incluindo-se a ressonância nuclear magnética.
Qual a importância do especialista em estimulação cardíaca?
Os DCEIs representam dispositivos altamente sofisticados, dotados de geradores com microprocessadores cada vez mais avançados, que permitem, por exemplo, armazenamento de arritmias e eletrocardiogramas, dados de integridade dos eletrodos e bateria, sensores de líquido pulmonar e de isquemia, possibilitando antecipar condutas preventivas e otimização da estimulação.
O especialista em estimulação cardíaca, além de cardiologista, deve ter formação nesta área específica, que permita o conhecimento dos diversos distúrbios do ritmo e do funcionamento dos diversos DCEIs, ter formação cirúrgica especializada e constante aprimoramento científico.